Já o disse aqui, desde pequena que tenho um medo terrível da morte.
Não da minha, mas da dos meus entes mais próximos, familiares, queridos, daqueles momentos na vida em que tudo muda e nada volta a ser o mesmo.
Por isso, e como uma espécie de terapia, para me mentalizar, nos últimos anos tenho feito um esforço, constante e consciente, de pensar que a morte é a coisa mais natural e inevitável do mundo- afinal, a única coisa comum a TODOS os seres humanos - e que de facto, por ser tao natural e inevitavel, se calhar tem uma altura certa, se calhar quando chega essa altura nao adianta pensar se podia ter sido tres anos depois, porque na verdade tambem podia ter sido tres anos antes, nao interessa, nao adianta, simplesmente tinha de acontecer, agora ou mais tarde, e aconteceu.
Isto é o que tenho feito nos ultimos anos.
Mas, mais uma vez, como milhares de tantas outras, os meus propositos cairam por terra.
Porque quando um jovem de 22 anos, lindo, maior do que a própria vida, nao vai ter a oportunidade de ter filhos, netos, de viajar e conhecer o mundo, de sofrer, de crescer, não pode haver nada de natural nisso. Aliás não pode haver nada de mais revoltante e anti natural.
A morte do Francisco Adam impressionou-me, e não só porque, tal como milhares de pessoas, admirava a sua beleza e energia, achava-o uma força da nautreza, um raio de luz, a única coisa boa numa série incomentável.
Impressionou-me porque conheço uma pessoa muito próxima dele, que adoro e admiro, que deve estar a sofrer horrores e que não merecia nada disto, tal como ninguem proximo a ele ou aos milhares de jovens que morrem nas estradas, nem por um segundo.
Impressionou-me porque, atraves dessa pessoa, sentia que o conhecia, e acompanhei a carreira dele desde que apareceu nos primeiros jornais como quem assiste ao desbrochar de uma flor, passe a cromice mas é verdade.
E impressionou-me porque mais uma vez,e apesar de todos os meus esforços para me convencer do contrário, provou-me que a morte muitas vezes não é algo de inevitável, natural, com um timing e uma altura certas para acontecer
Ás vezes, é simplesemente um trágico e terrível acidente.
quarta-feira, abril 19, 2006
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3 comentários:
A verdade é que nunca estamos preparados para a morte de alguém querido. A verdade é que só nos lembramos que ela nos vai bater à morta, é inevitável, quando alguém mais ou menos mediático ou mais ou menos conhecido de conhecido morre. Quando digo que a morte nos bate à porta não falo da minha própria morte, porque essa nem vou sentir, acontece e pronto. Penso muita vez que as pessoas que amo vão morrer. Só espero que depois de mim para não sofrer com a sua ausência. Por estas e por outras, porque a morte é uma tipa traiçoeira e que nem sempre avisa quando vai chegar e mesmo que o faça a malta nunca está preparada para assimilar tal facto na plenitude, é que tento amar quem amo de forma incondicional. Abraçá-los enquanto puder...
Infelizmente há muitos franciscos neste mundo, despedindo-se a cada minuto que passa. Só que os seus rostos não passam na tv, ficam apenas nas memórias daqueles que os amaram. Infelizmente não há nada que possamos fazer a não ser pensar que nesses mesmos instantes novas vidas brotam, embrulhadas em esperanças. como o kiko, a nokas, o gui...
É díficil darmo-nos conta da efemeridade disto tudo. Partilho completamente da opinião de que a nossa morte (talvez por a vislumbrarmos ainda muito longe) é a que menos nos assusta. O realmente duro é percebermos que quem amamos não irá estar sempre presente. Que um breve momento pode ser o que basta para acabar com tudo (que bom seria que estas sensações fossem apenas teóricas...).
Por outro lado, ironicamente, são esses momentos que põem tudo no seu devido lugar, que nos ajudam a relativizar problemas (e quão mesquinha é a maior parte deles!!!), e que nos impelem a estar o máximo de tempo possível com as pessoas que amamos.
Porque um dia tudo isto irá acabar, quero saber que amei tudo o que podia amar, e que a maior parte desse tempo fui o mais feliz que poderia ter sido.
pis, concordo com tudo, sobreto com ser a morte dos outros a que mais nos assusta. Mas que a efemeridade tb é assustadora, sobretudo para quem conduz, é um facto. Infleizmente já tive a experiência terrivel de ter um despiste grave, em que o carro foi para a sucata, e nunca me hei-de esquecer daquele momento em que o carro ia rapido demais e eu nao o consegui controlar. Não tinha drogas, nao tinha alcool, nao foi culpa da estrada, simplesmente aconteceu. e que eu tenha tido uma sorte ou anjo da guarda e tantos outros, como ele, nao tenham, essa roleta russa que vivemos todos os dias, nos, os que amamos, a familia, etc é horrivel :(
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