9H56 - Autocarro 26
do outro lado da coxia, um tipo na casa dos 40, anafado, parecia um vulgar exemplar do típico português. Às tantas faz um telefonema, daqueles aos berros, ao ponto de se ouvir em todo o bus, o que, ainda mal imaginando o teor da conversa, já se revelava suficientemente irritante
- 'tou pai, sou eu. Dá o chá à mãe, se ela quiser. Não... não, está bom. Foi feito ao lume!
(foi neste ponto que a minha atenção se distraiu da leitura da Visão. Terei ouvido bem? "um chá feito ao lume"?, uau!)
mas eis que o homem continuou a berrar, concluindo:
- Vá, pai, olha já estou no manicómio, beijinhos
....
tal afirmação merece contemplação... porque das 2 uma, ou o senhor ia mesmo para o manicómio e mentiu ao pai dizendo que já tinha chegado (o que não me tranquiliza nada) ou ele é um adepto das metáforas no que toca a descrever a sociedade onde nos movimentamos...
só sei, que o silêncio naquele autocarro foi sepulcral nos minutos seguintes... e enquanto o dito senhor não escolheu uma paragem para se apear foi como se todos fossem pedindo licença para respirar...
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2 comentários:
lololol se calhar o manicomio era o autocarro :)
bem, parti-me toda com este post!
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