quarta-feira, novembro 23, 2005

Só sei que nada sei

Num filme actualmente em cartaz diz a rapariga ao rapaz que "as pessoas são sempre menos misteriosas do que aquilo que julgam". Ok, tudo bem, há malta que se têm em demasiada boa conta, que se esforça demais para usufruir desse tipo que magnetismo, há até malta que é como que translúcida pois que não consegue esconder emoções mesmo que os seus actos as tentem disfarçar.
Ora eu penso que o contrário desta afirmação também será verdade: as pessoas são também muitas vezes mais misteriosas do que julgam. Mesmo que isso se deva unicamente aos nossos olhos. Acontece numa primeira fase da paixão, acontece quando as pessoas levam vidas que admiramos, acontece quando a timidez, a incapacidade ou a falta de vontade em socializar parecem colocar essas pessoas ora num mundo à parte, ora num pedestal, acontece quando estamos a falar com alguém que não nos liga porque está simplesmente a pensar noutra coisa. Acontece quando achamos que certa pessoa tem um olhar misterioso (ler profundo, enigmático, perdido no espaço, semicerrado) mesmo que seja sintoma de uma ligeira falta de vista.
Gosto de conhecer alguém ao ponto de saber com o que posso contar. Isso é bem verdade. Assim tipo uma margem de 90 por cento de erro, topam? mas é um prazer imenso aprender coisas novas sobre caras e corações antigos, pequenos detalhes e historietas, reencontrar naquela pessoa uma fonte inesperada de curiosidade e deleite. Mas atenção coisinhas pequenas, spicy, se tiver que ser um esqueleto ou outro que sai do armário mas nada que altere definitivamente a nossa relação.
Conhecer o outro de forma absoluta deve ser uma seca... um perigo até para rotina na dinâmica de uma relação, mesmo que de amizade. Eu nem a mim me quero conhecer absolutamente mas sim ir-me descobrindo. E mesmo para quem os amigos que pensam que lhes conto tudo o que me acontece, que já me conhecem há x anos e têm de facto intimidade comigo, há sempre novos detalhes com os quais os consigo surpreende-los. Acreditem. Palavra de escuteiro.

3 comentários:

Anónimo disse...

Acho que nunca conseguiremos conhermo-nos tão bem quanto por vezes desejariamos, nem nunca conhecemos alguem a 100%.

è bom? mau?!

è a vida...

Anónimo disse...

Eu gosto de me dar a conhecer aos poucos. E às vezes sei que sou uma boa surpresa para os que se dão ao trabalho e à paciência de me descobrir.
(Sim, sou vaidoso!)

Anónimo disse...

Eu acredito! Mas também acho que somos um bocado menos misteriosos do que pensamos. A maior parte das pessoas acha que há partes de si que são únicas e na verdade são comuns a montes de gente...